Mordheim - Cidade dos Malditos
Lançado em 1999, Mordheim - City of the Damned é um antecessor direto de muitos dos atuais Wargames de 'campanha', cujo foco narrativo está no desenvolvimento dos personagens através de uma série de missões em escala de escaramuça, cada força contando com grupos relativamente pequenos de mercenários e aventureiros desbravando a titular Cidade dos Malditos.
Arte da Caixa Básica do sistema, que continha warbands de Mercenários Humanos e Skavens, além de cenários, livro de regras, dados e réguas.
Caracterizado pelo fato de que cada personagem recebe pontos de experiência por feitos durante cada partida, tornando-se cada vez mais poderosos e acumulando tanto novas abilidades quanto ferimentos (que podem ser insignificantes, fatais ou mesmo inutilizar os personagens a ponto de forçar uma aposentadoria precoce), Mordheim é de certa maneira herdeiro de Necromunda (1995), que também contava com essa dinâmica, e influenciou outros wargames em escaramuça também dedicados à casar a experiência RPGística ao jogo de estrátegia em miniatura, como a família de sistemas baseados em Frostgrave, entre outros.
Fruto do trabalho de Rick Priestley, Tuomas Pirinen e Alessio Cavatore; Mordheim é, naturalmente, indissociável do mundo de Warhammer Fantasy Battles. A narrativa Grimdark característica do Old World - uma terra a beira do desastre e crente que o Fim do Mundo é inevitável - gera um ambiente de pouca esperança propenso aos momentos de heroísmo perante as condições terríveis em explorar a cidade arruinada, dominada pelos monstros corruptos mais terríveis e competir pelo butim miserável contra outros aventureiros tão desesperados quanto os seus.
A narrativa é deliberadamente milenarista - Os Tempos Finais se aproximam, e perante o fim do mundo diversos peregrinos se reuniram na capital da província de Ostermark, antro de corrupção e decadência. O símbolo sagrado de Sigmar, o fundador divino e protetor do Império, surge no céu - um grande cometa de duas caudas! Tal augúrio é celebrado pelos fiéis, que esperam o retorno de Sigmar e a salvação eterna. Ao invés disso, o cometa caiu sobre a cidade em uma noite de fogo, uma calamidade terrível que destruíra a cidade, matara o conde e toda liderança possível, levanto à sublevação dos peregrinos mais miseráveis e a perdição de todos que lá habitavam. Mas o desastre também trouxera oportunidade para Mordheim na forma da *wyrdstone*, um mineral valioso, catalisador mágico sem igual - estilhaços do grande cometa, composto da própria matéria do Reino do Caos.
O sistema foi suportado tanto nas revistas *Fanatic*, especializada nos Specialist Games, e na própria publicação, a revista Town Cryer. É na Town Cryer que recebemos atualizações, mais warbands, regras opcionais com novos equipamentos e missões, e até mesmo uma coletânea anual em 2002, aonde diversas regras foram atualizadas e uma errata corrigiu o livro e sua expansão oficial, Empire in Flames. Eventualmente em 2009 a comunidade de jogadores também lançou o suplemento Border Town Burning, focado em aventuras na terra distante de Cathay, com a consultoria e bênção dos game designers que desenvolveram o sistema.
O jogo incentiva a 'partida vertical', aonde usem-se de torres e ruínas altas como campo de batalha além das ruas e vielas entre as casas abandonadas e destruídas pela queda do cometa e o caos que se seguiu. Mordheim espera mesas cheias de elementos que promovam cobertura para deixar a escolha de ações e movimento cuidadoso com maior prioridade contra a linha de visão de arqueiros inimigos, por exemplo.
Mapa em Alta Qualidade para Campanhas baseadas na Exploração de distritos específicos, uma forma variante da campanha 'regular' do sistema.
Em 2015 a Games Workshop licenciaria um jogo virtual passado nessa crise, com seu próprio sistema inspirado nos Warbands que povoam a Cidade dos Malditos com suas próprias campanhas narrativas.
Finalmente, quando do aniversário de 20 anos do sistema, Tuomas Pirinen incentivou a comunidade e uma figura especial foi feita para celebrar a data, além de vários seminários e palestras sobre o design do jogo. Luthor Wulfenbaum - personagem que narra ao jogador quais são os bandos de aventureiros envolvidos na terra sem lei no livro de regras foi imortalizado em miniatura, com três variantes de uma escultura tradicional e uma quarta figura em escultura digital, que seriam preparados em edição limitada a 5000 figuras.
A comunidade de Mordheim é extensa, e no Tropas Polares, aqui em Curitiba, temos alguns expoentes incentivando o antigo sistema ainda hoje - inclusive o mestre desta pena! Passo a mostrar então alguns expoentes de minha coleção pessoal:
Os anões 'imperiais' do 'Rei' Ulfar Stonehammer de Karak Ungor (no centro, vestido de xadrez vermelho-e-branco) . Esses anões são os partidários desse rufião auto-intitulado 'Rei', que buscam fazer fortuna em Mordheim para financiar o 'retorno' de Ulfar para sua terra natal, mas como todo pária da sociedade dos anões, os caçadores de tesouros pouco ligam se Ulfar é realmente herdeiro de Karak Ungor. Enquanto o 'Rei' puder pagar suas bebedeiras, irão fazer todo ato de bandidagem necessário. Esse projeto era dedicado a montar um warband usando apenas figuras Oldhammer - no caso, os famosos recasts de chumbo da IDD miniaturas. Em um momento de fragilidade tive de vendê-los mas espero recuperá-los em algum momento!
A tripulação do 'Ventura', uma brigue tileana comandada pelo Capitão Luuk van der Platz, que navegara rio acima através do Stir, que divide Mordheim em duas partes, e utiliza-se da nave como sua base 'móvel', lançando assim expedições através de toda a cidade. O brig foi impresso em 3D por um amigo.
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